segunda-feira

Nossa história (Vale!)

Sobre essas duas cidades,
Muita gente já falou,
Separadas e unidas pelo Velho Chico, 
Em muitas músicas se citou, 
Que estão no sertão nordestino, 
Com o sol dia a dia a tino, 
Só sendo arretado para agüentar o calor.

Juazeiro e Petrolina,
Vale do rio São Francisco,
Lugar marcado pela degradação ambiental,
Fatores que contribuem para a segregação política, econômica e cultural,
É neste cenário de contradições históricas,

Onde o trabalho se explora,
Que surge começa-se a discutir a Psicologia Social.
O ano de 2008,
Parecia até um ano normal,
Mas no mês de agosto,
Veio um evento fenomenal,
Na cidade do Recife aconteceu,
Um processo de gestação nasceu,
No I encontro Pernambucano de Psicologia Social.

Parecia até uma loucura,
De um pequeno grupo,
Para o I encontro em Recife,
Foi aquele tumulto,
O povo não ficou temente,
Pois tinha um bando de gente,
Que ia da porta até o fundo.

O buzú foi lotadão,
Nunca tinha discutido Psicologia Social,
Todos foram animados,
Mas o que iria acontecer afinal?
Recife seu núcleo tava criando,
Ninguém tava imaginando,
A criação de uma dúvida quase mortal.

Nesse bendito encontro,
As idéias começaram a fluir,
Na cabecinha do povo do vale,
Começou a agir,
Um interesse repentino,
De construir algo parecido,
Com o processo que se dava por ali.

Houve apresentação de trabalhos,
Rodas de conversas também,
Foi um ambiente acolhedor,
A insatisfação não pegou ninguém,
Foi como jogar uma pequena semente,
Que você não vê e não sente,
Mas tá lá na cabeça de alguém.

Na volta do encontro,
Iniciou-se a discussão,
Muita gente achou interessante,
Formar enfim um núcleo ou não?
Começou-se a problematizar,
Montar ou não montar?
Adiando por uns dias a decisão.

A partir desses dias,
As coisas começaram a aparecer,
Seria interessante apoiar o pessoal,
Como tinha que ser,
Todos juntos e unidos,
Para os obstáculos serem vencidos,
O grande desafio ainda ia nascer.

Implantar o núcleo do Vale,
Como iniciar esse processo?
Muitas dúvidas estavam no ar,
O futuro era incerto,
Existia a insegurança,
Em alguns poucos confiança,
De tocar o processo.

Alguns companheiros
Ficaram bastante pessimistas,
Para fazer o equilíbrio,
Existiam também os otimistas,
Levando em frente o projeto,
Dar às pessoas acesso,
Montando várias estratégias.

Fazer idéias e saberes circularem,
Através do encontro aconteceu,
O ponto de partida,
Onde o núcleo do Vale nasceu,
Indo para a rua,
Para compreender a cultura,
Dessas lindas cidades abençoadas por Deus.

Nas rodas de conversa,
Assuntos que nos chamava atenção,
Aconteciam quinzenalmente,
Explorando a nossa compreensão,
Em uma semana textos,
Na outra se usava vídeos,
Para render muita discussão.

Falou-se certa vez,
Sobre o homem em movimento,
No tema Carnavalização,
Discutiu-se alguns momentos,
Tendo também os penitentes,
Conhecer uma cultura diferente,
Antes de falar de Abortamento.

Houve rodas,
Que falavam de homossexualidade,
Da morte de animais pela ciência,
“Não matarás” mostrava a verdade,
Do preço que a gente pagava,
Pelo produto que comprava,
No dia a dia das cidades.

Com a adoção do ENEM,
Foi grande a confusão,
O povo sem entender,
E muita manifestação,
Por que não pegar os vários lados,
Construir um diálogo,
E o entendimento da discussão.

Das muitas rodas,
Surgiu o interesse de divulgar,
Queria-se com isso,
Mais atores para a roda chamar,
E sobre esse ponto,
Por que não fazer um encontro?
E esse pequeno núcleo consolidar.

De início, foi pensado algo pequeno,
Novos atores para o movimento tinham chegado,
Mas, a coisa se tornou megalomaníaca,
Como ninguém tinha pensado,
Enfim o encontro aconteceu,
Foi ótima a forma que se deu,
Depois de muito trabalho.

Para planejar,
Foi tanta articulação em rede,
Tantos ofícios, cartas-convite,
Recusas e aceites,
Ninguém podia esperar,
Foi mesmo de assustar,
A imensidão que aconteceste.

Eis que surge o núcleo ABRAPSO VALE!
Cheio de novas idéias,
Estágio de vivência, grupo de estudo,
Novas perspectivas,
As rodas de conversa continuar,
E no evento Nacional oficializar,
Esse grupo construído nas entrelinhas.

Essas novas visões,
Esses novos questionamentos,
Implica o desafio,
De pensar na construção deste movimento,
Uma construção teórica?
Ou talvez epistemológica?
Quais nossos possíveis direcionamentos?

(Carlos Antônio Guimarães)